Troco/Dealers, una radionovela prodotta in Sudafrica in lingua portoghese e inglese da Community Media for Development, racconta le drammatiche storie vere del traffico di esseri umani, soprattutto giovani che vengono fatte prostituire, verso il Sud Africa. Lo show è già in onda in Mozambico e in Zambia, dove la radio è molto seguita e il messaggio passa più facilmente. Il produttore ha un nome italiano e a quanto leggo su Google potrebbe essere il figlio di un manager italiano della Silicon Valley e ha studiato a Princeton. Lavora anche per la Fondazione Lurdes Mutola a Maputo.
MOÇAMBIQUE: Pela rádio, os perigos da vida realJOHANNESBURG, 27 Junho 2008 (PlusNews) - A nossa conversa pelo telefone é interrompida por uma manchete no jornal do dia.
Gabriel Fossati-Bellani, coordenador da organização não-governamental sul-africana Mídia Comunitária para Desenvolvimento (CMFD, em inglês) em Moçambique, lê em voz alta: “Jovens instrumentalizadas aguardam regresso à casa”.
A notícia é sobre três jovens moçambicanas traficadas de Maputo a Pretória, capital sul-africana, onde foram vítimas de exploração sexual.
Segundo o artigo, as raparigas “estão completamente recuperadas do trauma psicológico e físico causado durante os dois meses em que estiveram no cativeiro.”
Bellani não consegue esconder a indignação.
“Como elas podem estar ´completamente recuperadas`? Isso desvaloriza o tipo de trauma que pode acontecer para uma traficada e minimiza o mal desse tipo de acontecimento”, protesta.
Bellani sabe do que fala. Ele é o coordenador do programa Troco, uma rádionovela lançada, em Moçambique, este mês e que trata exactamente do tráfico de pessoas.
Na trama, uma rapariga é aliciada pelo tio, com a promessa de um emprego numa loja de roupas na África do Sul. Ela acaba por ser traficada e explorada sexualmente, até que a sua mãe e a tia descobrem o que acontece e vão buscá-la.
Com a ajuda de uma assistente social da Organização Internacional para as Migrações (OIM), ela é resgatada. Uma amiga da protagonista, também traficada e a trabalhar num bordel clandestino, descobre estar grávida e ser seropositiva.
HIV na trama
Apesar de não ser o tema principal, a inclusão do HIV na história explicita os riscos trazidos pela migração, especialmente a ilegal.
“A pessoa fica dependente de quem ajuda e fica exposta a abusos, inclusive sexual, o que traz o risco de infecção pelo HIV”, explica Nely Chimedza, coordenadora do Programa de Assistência Contra o Tráfico na África Austral da OIM.
Segundo Chimedza, a maioria das vítimas dos traficantes são raparigas entre 16 e 25 anos, que acreditam que terão emprego ou oportunidade de estudo noutro país.
''A pessoa fica dependente de quem ajuda e fica exposta a abusos, inclusive sexual, o que traz o risco de infecção pelo HIV.''
O relatório Sedução, Venda e Escravatura: Tráfico de Mulheres e Crianças para a Exploração Sexual na África Austral, publicado pela OIM em 2003, identificou Moçambique como um dos principais países de onde mulheres e crianças são traficadas para a África do Sul.
“A trama é representativa do que acontece na realidade”, diz Chimedza.
Idealizada para ser transmitida na Zâmbia e em Moçambique e originalmente escrita em inglês, a rádionovela teve que ser adaptada à realidade moçambicana, tanto em termos de linguagem quanto em aspectos culturais.
O novo roteiro passou pelo crivo de grupos focais, formados por representantes da mídia e do público, para avaliar se a linguagem e a forma de difusão eram adequadas.
O tema delicado não assustou os 18 actores envolvidos no programa, que já estavam acostumados a trabalhar com questões difíceis, mas era a primeira vez que representavam uma trama sobre o tráfico humano.
“Ouvíamos falar coisas através da Internet e sabíamos que esse problema existia”, explica Carlos Chirindza, director artístico do programa e representante da Companhia Cultural Hopangalatana. “Mas não sabíamos que era nesse nível.”
“Incluir o HIV nessa trama é importante, mesmo que não com destaque. Só o facto de se falar do assunto já leva as pessoas a pensarem”, diz.
Meio mais eficaz
Chirindza, que também trabalha com outras formas de expressão, como teatro, acredita que a rádio é extremamente eficaz.
“A rádionovela tem muito impacto, porque ainda se ouve muito rádio aqui. Existem muitas zonas com rádios comunitárias”, destaca Chirindza.
Segundo Chimedza, da OIM, a rádio é o meio mais apropriado para atingir o público-alvo de Troco: pessoas vulneráveis e de poucas posses, que possam ser vítimas do tráfico de humanos.
O programa será transmitido inicialmente por rádios de Maputo. Serão dois episódios por semana, num total de 13 semanas. Cada capítulo dura cerca de seis minutos.
Resgatada, a protagonista de Troco volta a Moçambique e retoma a sua vida, com o apoio da família e da comunidade. Mas a vida real é mais dura do que na rádio.
“Depois que a vítima volta, a reintegração é difícil e exige aconselhamento. Várias delas têm vergonha, porque muitos pensam que as vítimas do tráfico são pessoas de vida fácil”, diz Chimedza.
O HIV é uma das dificuldades, já que muitas raparigas são abusadas sexualmente e são obrigadas a trabalhar em bordéis.
“Nós sempre aconselhamos que elas façam o teste de HIV”, conta.
Já existe interesse em ampliar a transmissão de Troco para outros países lusófonos em África a partir da RDP-África, em Lisboa.
(IRIN PlusNews)
Gabriel Fossati-Bellani, coordenador da organização não-governamental sul-africana Mídia Comunitária para Desenvolvimento (CMFD, em inglês) em Moçambique, lê em voz alta: “Jovens instrumentalizadas aguardam regresso à casa”.
A notícia é sobre três jovens moçambicanas traficadas de Maputo a Pretória, capital sul-africana, onde foram vítimas de exploração sexual.
Segundo o artigo, as raparigas “estão completamente recuperadas do trauma psicológico e físico causado durante os dois meses em que estiveram no cativeiro.”
Bellani não consegue esconder a indignação.
“Como elas podem estar ´completamente recuperadas`? Isso desvaloriza o tipo de trauma que pode acontecer para uma traficada e minimiza o mal desse tipo de acontecimento”, protesta.
Bellani sabe do que fala. Ele é o coordenador do programa Troco, uma rádionovela lançada, em Moçambique, este mês e que trata exactamente do tráfico de pessoas.
Na trama, uma rapariga é aliciada pelo tio, com a promessa de um emprego numa loja de roupas na África do Sul. Ela acaba por ser traficada e explorada sexualmente, até que a sua mãe e a tia descobrem o que acontece e vão buscá-la.
Com a ajuda de uma assistente social da Organização Internacional para as Migrações (OIM), ela é resgatada. Uma amiga da protagonista, também traficada e a trabalhar num bordel clandestino, descobre estar grávida e ser seropositiva.
HIV na trama
Apesar de não ser o tema principal, a inclusão do HIV na história explicita os riscos trazidos pela migração, especialmente a ilegal.
“A pessoa fica dependente de quem ajuda e fica exposta a abusos, inclusive sexual, o que traz o risco de infecção pelo HIV”, explica Nely Chimedza, coordenadora do Programa de Assistência Contra o Tráfico na África Austral da OIM.
Segundo Chimedza, a maioria das vítimas dos traficantes são raparigas entre 16 e 25 anos, que acreditam que terão emprego ou oportunidade de estudo noutro país.
''A pessoa fica dependente de quem ajuda e fica exposta a abusos, inclusive sexual, o que traz o risco de infecção pelo HIV.''
O relatório Sedução, Venda e Escravatura: Tráfico de Mulheres e Crianças para a Exploração Sexual na África Austral, publicado pela OIM em 2003, identificou Moçambique como um dos principais países de onde mulheres e crianças são traficadas para a África do Sul.
“A trama é representativa do que acontece na realidade”, diz Chimedza.
Idealizada para ser transmitida na Zâmbia e em Moçambique e originalmente escrita em inglês, a rádionovela teve que ser adaptada à realidade moçambicana, tanto em termos de linguagem quanto em aspectos culturais.
O novo roteiro passou pelo crivo de grupos focais, formados por representantes da mídia e do público, para avaliar se a linguagem e a forma de difusão eram adequadas.
O tema delicado não assustou os 18 actores envolvidos no programa, que já estavam acostumados a trabalhar com questões difíceis, mas era a primeira vez que representavam uma trama sobre o tráfico humano.
“Ouvíamos falar coisas através da Internet e sabíamos que esse problema existia”, explica Carlos Chirindza, director artístico do programa e representante da Companhia Cultural Hopangalatana. “Mas não sabíamos que era nesse nível.”
“Incluir o HIV nessa trama é importante, mesmo que não com destaque. Só o facto de se falar do assunto já leva as pessoas a pensarem”, diz.
Meio mais eficaz
Chirindza, que também trabalha com outras formas de expressão, como teatro, acredita que a rádio é extremamente eficaz.
“A rádionovela tem muito impacto, porque ainda se ouve muito rádio aqui. Existem muitas zonas com rádios comunitárias”, destaca Chirindza.
Segundo Chimedza, da OIM, a rádio é o meio mais apropriado para atingir o público-alvo de Troco: pessoas vulneráveis e de poucas posses, que possam ser vítimas do tráfico de humanos.
O programa será transmitido inicialmente por rádios de Maputo. Serão dois episódios por semana, num total de 13 semanas. Cada capítulo dura cerca de seis minutos.
Resgatada, a protagonista de Troco volta a Moçambique e retoma a sua vida, com o apoio da família e da comunidade. Mas a vida real é mais dura do que na rádio.
“Depois que a vítima volta, a reintegração é difícil e exige aconselhamento. Várias delas têm vergonha, porque muitos pensam que as vítimas do tráfico são pessoas de vida fácil”, diz Chimedza.
O HIV é uma das dificuldades, já que muitas raparigas são abusadas sexualmente e são obrigadas a trabalhar em bordéis.
“Nós sempre aconselhamos que elas façam o teste de HIV”, conta.
Já existe interesse em ampliar a transmissão de Troco para outros países lusófonos em África a partir da RDP-África, em Lisboa.
(IRIN PlusNews)
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