Quello che segue è un bel pezzo del giornale portoghese O Público sul progetto di RTP - la radio pubblica in Portogallo - per la creazione di un archivio sonoro accessibile a tutti con le registrazioni delle trasmissioni storiche. Sul sito del quotidiano è reperibile un clip con la cronaca della partenza delle truppe per la guerra coloniale del 1961 (altrimenti nota come Guerra do Ultramar, conclusasi nel 1974 con la Rivoluzione dei "cravos," dei garofani e l'inizio della dissoluzione dell'impero coloniale lusitano). E' un documento molto toccante, come scrive O Público, perché tra i toni trionfalistici del radiocronista, i tamburi, le marce, gli inni nazionali, il microfono non riesce a nascondere le grida di dolore delle donne e delle madri che vedono partire i loro mariti e figli.
L'articolo è uscito ieri, 27 ottobre, in occasione della Giornata mondiale del patrimonio audiovisivo decretata dall'Unesco. Non ne sapevo niente, forse perché i nostri organi di stampa (mi ci metto, colpevolmente, anch'io) ne hanno parlato poco e male. Il problema della conservazione delle testimonianze sonore e visive su supporti magnetici o elettronici è di portata colossale. Il materiale antico rischia il distruzione, quello più recente comporta grossi ostacoli di accessibilità e in prospettiva va incontro alla concreta possibilità dell'estinzione dei formati e delle piattaforme software e hardware. Una realtà, insomma, in cui i documenti ci saranno ma non si potranno più leggere perché incompatibili con i sistemi di lettura del futuro. Sul Web ho trovato una eccellente risorsa, Il mondo degli archivi online realizzata per conto della Associazione Nazionale Archivistica Italiana ANAI. Ricordo naturalmente anche il lavoro fatto dalle Teche Rai e dall'Istituto Luce. A Milano, dal 15 al 17 novembre, al Palazzo delle Stelline, si terrà il convegno SOS Archivi di Impresa, un contesto ideale - credo - per approfondire la tematica degli archivi delle emittenti pubbliche.
[Solo ora, dopo aver scritto questo contributo, mi accorgo che l'amico Jorge Guimarães Silva ha trattato l'argomento proprio ieri, sul suo ottimo blog A Rádio em Portugal. Insieme alla testimonianza di Público troverete diverse altre notizie. Um trabalho excelente, Jorge.]
Unesco celebra hoje Dia Mundial do Património Audiovisual
RTP vai lançar arquivo criativo com sons históricos da rádio
27.10.2007 - 09h10 Ana Machado
A RTP prepara-se para lançar um arquivo criativo com sons da rádio, de acesso livre. O projecto, inspirado em experiências semelhantes da BBC, em Inglaterra, ou da Rádio Pública Nacional norte-americana, colocará on-line e de forma gratuita, sons hoje inacessíveis aos cidadãos e que representam momentos únicos da história portuguesa desde os anos 1930.
Estamos em Junho de 1961. No cais da rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, a multidão reuniu-se para ver partir um dos primeiros contingentes de soldados a partir para a Guerra Colonial. Há fanfarra, hino e ambiente de festa. O repórter lança-se no seu discurso, previamente revisto, onde fala da grandiosidade do império e do céu azul na partida, despedindo-se com um “boa viagem rapazes e até breve”. Mas o microfone da rádio, que não obedece a ordens, não conseguiu fazer calar os gritos de dor de mulheres e mães que se ouvem de fundo, ao longo de toda a reportagem. (O PUBLICO.PT disponibiliza o som num link a este texto)
Inês Forjaz, jornalista da RDP, uma das responsáveis pelo projecto do arquivo criativo, revela que são fragmentos de história como este que o arquivo da rádio guarda e que deviam ser acessíveis ao público em geral, lembrando que, hoje, a UNESCO celebra o Dia Mundial do Património Audiovisual, que é preciso preservar.
Há dois meses que Inês “vive” nos arquivos da rádio: “Tenho pena de não ter quantificado quantas horas já passei a ouvir sons”. E tem um “caderninho de mercearia” onde apontou todos os tesouros que foi apanhando. São muitas histórias e muitos sons que a jornalista, juntamente com Eduardo Leite, responsável pelos arquivos da rádio, e António Almeida, autor da plataforma informática do projecto, querem agora tornar disponíveis ao público em geral. “Encontrei autênticas revelações históricas”.
A BBC realizou um projecto experimental idêntico, entre 2005 e 2006. Ao todo foram disponibilizados 500 ficheiros de sons e imagens que geraram 500 mil “downloads”. O projecto parou entretanto no âmbito da avaliação periódica de serviço público a que a estação está periodicamente sujeita. E a National Public Radio norte-americana tem um programa, o Open Source, onde o auditório escolhe o tema a tratar no site do próprio programa.
Para os autores do projecto não se trata apenas de disponibilizar ficheiros de som, muito menos de uma forma exaustiva: a plataforma, que ficará alojada no portal da RTP, alojará de início talvez não mais de dez exemplos de sons considerados simbólicos dos acontecimentos mais importantes da nossa história do século XX, que também é o século da rádio: “Vamos dar prioridade aos primeiros anos da rádio, desde 1936, que correm o risco de ficarem esquecidos”.
Os sons serão ainda devidamente acompanhados, sempre que possível, do contexto em que foram captados e do contexto histórico em que estão inseridos. E a intenção é que a lógica deste arquivo criativo seja bidireccional: “Imagine-se que um cidadão ouve um som do arquivo e que até tem lá uma bobines em casa que quer partilhar. O objectivo é que haja um fluxo bidireccional”, explica Inês Forjaz que espera que sejam os utilizadores, nos primeiros tempos, a sugerir os temas que gostariam de ver ali disponíveis. “Para um professor de português se calhar interessará apresentar Camões aos seis alunos dito por Vasco Santana”.
A questão dos direitos de autor, que o grupo classifica como “pantanosa”, está a ser resolvida com recurso a licenças Creative Commons, que permitem a utilização livre dos sons para fins não comerciais.
Eduardo Leite afirma que a palavra-chave do projecto é partilha. E que a intenção subjacente a este arquivo criativo toca na intenção do Governo, já expressa pelo secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, de criar um arquivo nacional de som, inexistente em Portugal, apesar do grande investimento que a rádio pública fez nos últimos anos de passar o seu espólio para um formato digital mais moderno e fácil de conservar.
O projecto deste arquivo criativo, que ainda não tem data de arranque, terá um período experimental de seis meses. E será construído, como avançam os seus mentores, de acordo com as sugestões que forem sendo lançadas pelos utilizadores.
L'articolo è uscito ieri, 27 ottobre, in occasione della Giornata mondiale del patrimonio audiovisivo decretata dall'Unesco. Non ne sapevo niente, forse perché i nostri organi di stampa (mi ci metto, colpevolmente, anch'io) ne hanno parlato poco e male. Il problema della conservazione delle testimonianze sonore e visive su supporti magnetici o elettronici è di portata colossale. Il materiale antico rischia il distruzione, quello più recente comporta grossi ostacoli di accessibilità e in prospettiva va incontro alla concreta possibilità dell'estinzione dei formati e delle piattaforme software e hardware. Una realtà, insomma, in cui i documenti ci saranno ma non si potranno più leggere perché incompatibili con i sistemi di lettura del futuro. Sul Web ho trovato una eccellente risorsa, Il mondo degli archivi online realizzata per conto della Associazione Nazionale Archivistica Italiana ANAI. Ricordo naturalmente anche il lavoro fatto dalle Teche Rai e dall'Istituto Luce. A Milano, dal 15 al 17 novembre, al Palazzo delle Stelline, si terrà il convegno SOS Archivi di Impresa, un contesto ideale - credo - per approfondire la tematica degli archivi delle emittenti pubbliche.
[Solo ora, dopo aver scritto questo contributo, mi accorgo che l'amico Jorge Guimarães Silva ha trattato l'argomento proprio ieri, sul suo ottimo blog A Rádio em Portugal. Insieme alla testimonianza di Público troverete diverse altre notizie. Um trabalho excelente, Jorge.]
Unesco celebra hoje Dia Mundial do Património Audiovisual
RTP vai lançar arquivo criativo com sons históricos da rádio
27.10.2007 - 09h10 Ana Machado
A RTP prepara-se para lançar um arquivo criativo com sons da rádio, de acesso livre. O projecto, inspirado em experiências semelhantes da BBC, em Inglaterra, ou da Rádio Pública Nacional norte-americana, colocará on-line e de forma gratuita, sons hoje inacessíveis aos cidadãos e que representam momentos únicos da história portuguesa desde os anos 1930.
Estamos em Junho de 1961. No cais da rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, a multidão reuniu-se para ver partir um dos primeiros contingentes de soldados a partir para a Guerra Colonial. Há fanfarra, hino e ambiente de festa. O repórter lança-se no seu discurso, previamente revisto, onde fala da grandiosidade do império e do céu azul na partida, despedindo-se com um “boa viagem rapazes e até breve”. Mas o microfone da rádio, que não obedece a ordens, não conseguiu fazer calar os gritos de dor de mulheres e mães que se ouvem de fundo, ao longo de toda a reportagem. (O PUBLICO.PT disponibiliza o som num link a este texto)
Inês Forjaz, jornalista da RDP, uma das responsáveis pelo projecto do arquivo criativo, revela que são fragmentos de história como este que o arquivo da rádio guarda e que deviam ser acessíveis ao público em geral, lembrando que, hoje, a UNESCO celebra o Dia Mundial do Património Audiovisual, que é preciso preservar.
Há dois meses que Inês “vive” nos arquivos da rádio: “Tenho pena de não ter quantificado quantas horas já passei a ouvir sons”. E tem um “caderninho de mercearia” onde apontou todos os tesouros que foi apanhando. São muitas histórias e muitos sons que a jornalista, juntamente com Eduardo Leite, responsável pelos arquivos da rádio, e António Almeida, autor da plataforma informática do projecto, querem agora tornar disponíveis ao público em geral. “Encontrei autênticas revelações históricas”.
A BBC realizou um projecto experimental idêntico, entre 2005 e 2006. Ao todo foram disponibilizados 500 ficheiros de sons e imagens que geraram 500 mil “downloads”. O projecto parou entretanto no âmbito da avaliação periódica de serviço público a que a estação está periodicamente sujeita. E a National Public Radio norte-americana tem um programa, o Open Source, onde o auditório escolhe o tema a tratar no site do próprio programa.
Para os autores do projecto não se trata apenas de disponibilizar ficheiros de som, muito menos de uma forma exaustiva: a plataforma, que ficará alojada no portal da RTP, alojará de início talvez não mais de dez exemplos de sons considerados simbólicos dos acontecimentos mais importantes da nossa história do século XX, que também é o século da rádio: “Vamos dar prioridade aos primeiros anos da rádio, desde 1936, que correm o risco de ficarem esquecidos”.
Os sons serão ainda devidamente acompanhados, sempre que possível, do contexto em que foram captados e do contexto histórico em que estão inseridos. E a intenção é que a lógica deste arquivo criativo seja bidireccional: “Imagine-se que um cidadão ouve um som do arquivo e que até tem lá uma bobines em casa que quer partilhar. O objectivo é que haja um fluxo bidireccional”, explica Inês Forjaz que espera que sejam os utilizadores, nos primeiros tempos, a sugerir os temas que gostariam de ver ali disponíveis. “Para um professor de português se calhar interessará apresentar Camões aos seis alunos dito por Vasco Santana”.
A questão dos direitos de autor, que o grupo classifica como “pantanosa”, está a ser resolvida com recurso a licenças Creative Commons, que permitem a utilização livre dos sons para fins não comerciais.
Eduardo Leite afirma que a palavra-chave do projecto é partilha. E que a intenção subjacente a este arquivo criativo toca na intenção do Governo, já expressa pelo secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, de criar um arquivo nacional de som, inexistente em Portugal, apesar do grande investimento que a rádio pública fez nos últimos anos de passar o seu espólio para um formato digital mais moderno e fácil de conservar.
O projecto deste arquivo criativo, que ainda não tem data de arranque, terá um período experimental de seis meses. E será construído, como avançam os seus mentores, de acordo com as sugestões que forem sendo lançadas pelos utilizadores.
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